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Viracasacas Podcast


Dec 7, 2021

Saudações Pessoas! No Viracasacas dessa semana recebemos João Cezar de Castro Rocha (no Twitter @joaocezar1965), Professor Titular de Literatura Comparada da UERJ e autor do livro “Guerra cultural e retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político”. Nossa conversa tratou de como os militares brasileiros criaram lá na década de 1980 um esboço do que viriam a ser o Bolsonarismo e o Olavismo. Através da leitura cuidadosa do ORVIL, documento produzido por militares no final da ditadura como uma antípoda ao bem-sucedido “Brasil: Nunca Mais”, ele entendeu que os militares brasileiros já haviam preparado uma teoria, uma retórica e um curso de ação para empreender o que hoje se chama de Guerra Cultural. Com o fracasso das guerrilhas de esquerda, o fim da Ditadura Militar e da Guerra Fria os militares passam a acreditar que as esquerdas planejariam uma improvável dominação pela via cultural – através de uma hegemonia que jamais existiu. Teses subsequentes aos escritos do ORVIL, bem como as posturas públicas de militares da reserva e da ativa, mostram que esse tipo de pensamento não apenas molda a formação dos oficiais como também guia políticas dentro das direitas brasileiras. Comentamos ainda como as teses de guerra cultural remetem ao pessimismo cultural dos membros da Revolução Conservadora na Alemanha entre-guerras e como parecem diretamente relacionadas à elaboração da teoria da conspiração do “marxismo cultural” por Pat Buchanan e William S. Lind. No entanto, a Guerra Cultural posta em prática pelo governo Bolsonaro torna o ofício de governar caro e difícil, uma vez que produz um número incessante de inimigos.